sábado, 2 de junho de 2007

ri, fernando.


eu daria pra ele todos os dias.


entro pela sala e ele está lá, sentado na frente da janela, em posição de criança que olha mas não vê. chego e me deito bem do lado, como quem nem o percebe. ofereço um cigarro. ele aceita. acendo pra ele, fazendo aquela casinha de mãos, quase sinto toda sua tristeza naquela proximidade. o perfume de poesia que ele exala preenche o meu estômago. mastigo fernando. solto fios de amargura no chão do quarto. ele percebe, abaixa um pouco e vai engolindo,um por um. depois disso, sou eu quem está dentro dele. percorro os pontos máximos e mínimos. lhe causo cócegas e cólera. mas o conheço, ao fundo. assovio canções de árvores de plástico, ele sente. se levanta e me convida. uma dança doida, dessas que só se vê em momentos em que duas mentes completamente estupradas se unem. como nós. depois, já cançados e sem pernas, o ponho a deitar a cabeça nas minhas pernas estendidas no chão sujo de vermelho e verde. que cabelos macios, ele tem! passeio os dedos como se fossem uma criança vagando por entre uma floresta negra e perfumada. baby, we're a complete disaster. duas almas desgraçadas pelo amor. pedindo esmola na rua e economizando o dinheiro que nos resta. lambemos o fundo do poço e sorrimos. um sorriso sarcástico, de quem sabe que a vida é mesmo uma puta e somos todos filhos dela. corto metade do meu miocárdio e colo no peito dele. pronto, agora posso ir.



see you soon.

3 comentários:

xoon disse...

aquele ali eh o pankones ^^
o ando ando
pankotico
ferdi
^^

poeta quebrado disse...

acordei,
com um resto de abraço, pra te atender. sorri estúpido e olhei pela janela. os borrados vermelhos tão teus tornaram-se céu azul [e não gostei ]. no chão, procurei meus sonhos e só achei as cobertas amassadas. tentei lembrar e me vieram palavras soltas e alguns silêncios, não dos que machucam, mas dos que me fazem calar também para que atente a cada quase-nada que puder roubar de ti.

guardei embaixo do travesseiro sorrindo e agora só tinha um telefone preto mudo e sem graça.

risquei versos na parede e "decidi" esperar.

... disse...

magnífico.
fusão de sentimentos poetisados...sem muitas palavras a declarar.

uma simplifica tudo: encanto.