quinta-feira, 21 de junho de 2007

apelo.


jogo as chances no ventilador. quero que espalhem-se por todo o meu quarto, enchendo-me de um cheiro de esperança. porque as horas passam e minha garganta se fecha. e essa unha arranha e arranha o fundo. quero cuspir. desaprendi a soltar a fera. agora adormecida, no chão da minha mente avariada. talvez branca, alta, magra e doente demais, eu seja. não ouçam a minha voz. morrerão de sono, sem dormir. então sossegue os passos e abra os braços pra eu me aninhar. o caminho mais fácil é aquele onde as pedras são sobremesa e o meu coração, o prato principal. pra pesar mais, um coração tão encharcado assim. não se atreva a investigar a minha mudez. darei um grito que ensurdescerá o mundo, de uma só vez. eu estou catando os cacos, meu amor. para colar com meu sangue. meu mosaico. não cuspa mais essa saudade na minha cara. é tão ácida que me deixa vagando por aí, arranhando as paredes só pra me fazer arrepiar com o barulho agoniante. sou aguda assim, sabias? tusso, tusso e não sai um germe. só fumaça sem cor. transpareço no espaço que nos divide. adentro o teu corpo como alfinete em peitos abertos. sobre amor e doenças. não creia. ela não pensa. e apaga-me como se faz com memória ruim. ah, pelamor, não me deixe mais uma noite assim, sozinha.

3 comentários:

Unknown disse...

sou o teu remédio para dormi.

nunca estarás sozinha.



nunca.

Marcos Angeli disse...

aonde andas com a cabeça?
pelo ar, pelo chão fosco de azul
e estes pensamentos entre os dedos?
estou escolhendo qual vou realizar em teu desejo.

Salve Jorge disse...

Jogue o jogo
E venho logo
Para que eu acalente teu fogo
Que se está morno
Eu adoro
E adorno
E reverbero
Em cada partícula infinitesimal da criação
Que não é minha
Mas está à mão
Já você, meu esboço de perfeição
Tem minha parcela
O meu quinhão
Em seu latifúndio
Pincelando um desvario
Durante sua anunciação
E serás o vitral mais alto
O afresco mais caro
O relevo mais detalhado
Na caverna da redenção
Tenha fé
Tenha apego
E tenha até medo
Mas não se renda
Explore a fenda
Que o que nos remenda
Não é nada
Senão o que corre pelo chão
E nós temos asas
Que mesmo sangradas
Ampliam a imaginação
E daí é mar
Ah, mar..
Daí e arrebatação..
Ondei comigo pelas águas
E esqueça de padecer de arrebentação
Teu fogo e minha água
Hão de aplacar a confusão
Hão de acariciar-te as idéias
Hão de te trazer
Desvirtuar e engrandecer
DAí o resto será resto
E nós seremos o que há pra ser...