terça-feira, 12 de junho de 2007

ateu.


meio disiludida nas ruas cheias de formigas e formigueiros. cansada de arrancar suas antenas, paro e reflito:


ser ateu. ser ateu? poderia dizer "ser teu", mas não, é "ser ateu" mesmo. não sei até onde essa discussão sobre no que acreditar ou não pode me levar, mas me assanha. eu, em minha vã filosofia, como já dissera Shakespeare, não acredito que alguém possa declarar-se ateu. afinal, o que é isso? deixe-me consultar o dicionário: bom, há vários significados, mas vamos por parte:


1- "aquele que nega a existência de deus [em minúscula mesmo].


até aí, eu concordo. é possível e aceitável que não acreditem (emos) na existência desse deus. todo poderoso e onipresente. não creio mesmo que existira alguém tão bom e tão dotado. não cabe em mim a noção de que o mundo fora feito por mãos mágicas, divinas. a ciência me preenche esse vazio, certamente. porque, como poderiam explicar a violência, a ignorância e todas essas coisas que há no ser humano? live arbítrio? me poupe. pra mim isso parece uma desculpa da igreja para aquilo que não conseguem explicar. e é sempre assim, não? quando não se sabe algo, ou inventa uma mentira sincera ou diz que não lembra. assim sou eu, quando não conheço algo, digo que não lembro, pra parecer menos burra. se ser ateu fosse só isso, eu poderia ser um.


2- "incrédulo".


vejamos, é possível mesmo que uma pessoa consiga viver sem crer em nada? não, para mim, não é. tudo bem que não se acredite em deus e todas essas coisas que acho uma baboseira só. Mas não acreditar em nada? nada mesmo? por favor. se acordamos é porque acreditamos que há uma vida. Há a natureza, há a ciência. como alguém viveria sem crer que nas coisas simples como o vento, o sol, a vida, o amor. Alguém vive sem amor? até os mais solitários que já conheci, viviam porque acreditavam que o amor os salvaria. sempre, nos momentos de medo, acreditamos em algo, nem que seja que vamos morrer naquela hora. vivemos para acreditar. os conceitos mudam, a vida dá voltas mas sempre estamos a acreditar em algo, caso não, estariamos todos enterradinhos num quintal qualquer. os olhos tão assustados que nem os vermes iriam querer.


3- "ímpio".

pode ser lido como "cruel", também. o que acho um tremendo de um preconceito vindo de um dicionário. só porque não se acredita no deus todo poderoso e não segue uma religião, há de considerar alguém cruel? caramba, queimem os dicionários!




mas, vem cá, na hora do desespero, quando não se vê mais possibilidade pra nada, em que tudo está prestes a desabar nos pés delicados de uma alma viva, não dá vontade de citar aquelas palavras decoradas que aprendeu quando criança ainda?



pra mim, na hora do desespero, ninguém é ateu.

4 comentários:

poeta quebrado disse...

mas, vem cá, na hora do desespero, quando não se vê mais possibilidade pra nada, em que tudo está prestes a desabar nos pés delicados de uma alma viva, não dá vontade de citar aquelas palavras decoradas que aprendeu quando criança ainda?

tsu tsu, eu sinto vontade de falar com uma certa menina de voz linda.

poeta quebrado disse...

então a gente fica molhado pra sempre. chuva, linda.

Unknown disse...

tentei,né?
hahahha²³¹
ficou engraçadinho.


ai,adorei essa texto!
concordo contigo.

=*

... disse...

eu invejo aqueles que possuem fé.

vocâ a possui srta?

texto brilhante.