quinta-feira, 31 de maio de 2007

i'm a jailbird to your music


i just gotta get out of my chest that i think you're divine.


ah, nina-nina little star...


preciso dizer que você afoga minhas lágrimas que não caem com sorrisos bobos de quem sonhava com dias assim. eu quero te pegar e levar pra bem longe, lá pra lalalândia ou qualquer outro lugar, te comprar um sorvete gigante e ficar observando você se lambusar toda com aquela coisa gelada e colorida. porque você é tão purpurinada e brilhante que eu preciso de tocar pra saber que é real. ou só ouvir a sua vozinha adocicada dizendo coisas com o sotaque mais lindo que já ouvi. e eu te ouço cantar pra lá e pra cá na minha cabeça. você não sai de mim e eu só quero estar com você. porque eu até esqueço da moça que me fere e só quero saber de te escrever coisas e mais coisas todas lindas e doces. porque você merece, porque você é divina. ah, nina-nina, obrigada por me abraçar assim.

Terceira carta para nunca ser entregue.

Tenho ouvido muito Chico Buarque recentemente. A versão dele de "olhos nos olhos" me toca fundo na alma. Hoje me vi novamente embebida no teu veneno. Caindo pelos cantos, sem conseguir levantar. Sabe, hoje te escrevo para dizer o quanto me fizeste miserável. E eu que andava tão fraca, acreditei que eras minha.

Prometi pra mim que não mais ia lamentar. Beijar o chão que pisas. Mas é tão forte e grande que cospe em mim e me humilha. Se eu pudesse, reunia todas as minhas forças pra te dar um tapa na cara. Enchia teu corpo de manchas roxas e nem me importava. Mas eu não tenho mais força nenhuma. Só engulo fumaça e cuspo nuvem. Não sei mais o que falar pra ninguém e me embriago por aí. Ouço músicas que falam de futuros aconchegantes e dá vontade de meter sete tiros no rádio.

Sei que aí as coisas andam boas, mas é que o nosso amor era tão pobre. Cheio de cafuné e lágrimas que eu peço agora esmola à qualquer um que passa. Mas ninguém me olha na cara, quanto mais no peito aberto! Cheio de feridas e de vermes repleto. Ai de mim que te amei como uma louca! Louca ciente de que aqui o mundo era quente e eu me resfriava de ti. Criava até leucemia só para ser transferida pra um hospital mais perto daí. Mas as doenças não bastavam. Não chegavam as tentativas. Eu era toda tua e pobre e insana, ainda acreditava que eras minha.

Mas os dias passaram e o telefone só tocava. Dez, vinte vezes e nada. Um "agora chega, vou seguir a estrada" atropelou o peito meu. O que era sorriso virou lágrima, o sol de meio dia virou breu. Desde lá venho rastejando, comendo teu lixo e me queixando da tua partida desesperada. Partida doida, avariada. Que fez de mim uma poetisa repetida, cruel e desgraçada. Ah, mas tu me dás a poesia. Me rega com ácido e me enche de agonia. O bastante pra parir textos que rimem. Com um sorriso de virgem e uma lombriga no umbigo. Ah, daqui pra frente eu só repito.



"Apesar de você
Amanhã há de ser
Outro dia
Você vai se dar mal
Etc e tal"

_"Apesar de você", C. Buarque_



com todo amor e desprezo,


Tayná.

quarta-feira, 30 de maio de 2007

particularidades de um amor desgraçado.

"Bem vejo que te amo como uma louca: contudo não me queixo de todos os ímpetos violentos do meu coração; habituo-me às suas perseguições; e mal poderia viver sem um particular prazer que descubro e desfruto, amando-te entre mil dores e pesares..."

_"Segunda Carta", S.M. Alcoforado_



sento-me perto da janela. a janela vem até o chão, me acompanhando. a vista lá fora é completamente diferente dessa aqui de dentro. lá fora faz frio e as pessoas andam sem se olhar. esbarrando nos próprios erros e culpando os outros. eu esbarro nas próprias lágrimas-pétalas e te culpo. sopro suavemente o vidro quebradiço. embaça. uma meia circuferência. quase lua. e um rosto refletindo uma alma destruída. se eu olhar além da vista, posso me ver, é verdade. ali, como segundo fundo. ou primeiro, tanto faz. lá, escondidinha, eu sussurro canções que nos fizeram dançar.cantar.gritar.chorar. eu colho as flores do meu passado e ponho-as num supedâneo. onde, pousam os teus pés descalços.

um presente meia-boca, há de se dizer. aqui morrem as esperanças de um caminhar descansado. porque ficam loucas as horas do meu dia. invertindo-se. sonos intercalados. faço massagem nas próprias costas. dói tudo. talvez eu precise de mãos que me cubram a face envergonhada e braços que acolham o sorriso avariado. embriago-me e vejo o mundo girar. é tão bonito assim, mais colorido. as pessoas olham assustadas e eu caio na gargalhada. desespero de não te ter. aqui, faz calor. eu suo, suo, suo. tu cais sobre a minha pele. garoa. eu fico lambendo-me feito gato, tentando engolir cada mínimo de ti, em mim. tudo tão cansado que os olhos ficam baixos. as saudades deixam-me irrequieta. procurando grãos entre as lajotas. ah, se os dias rápido passassem! se o sangue estancasse! se você parasse de me fazer tanto mal.

segunda-feira, 28 de maio de 2007

ah, florzinha!


Fui lá na esquina
Encontei uma flor
A flor era amarela e ela dizia:
-eu sou a verdadeira cor do amor
Ah, florzinha, que mentira!
Meu amor não é assim apagado
Meu amor é forte e até cega!
Vermelho e roxo, bem apertado.

Mas a florzinha insistia
Da sua cor ela afirmava
Vermelho é o amor que te feria,
Amarelo é o amor que te faz graça.

Ah, florzinha, isso pode ser
Que aqui desassossega um coração alado
Tão doente e tão cansado
De andar por um deserto, vê?

Ah, meu coração amarelo
bate desesperado!

Mas não, não desista, coisa mais linda!
Dizia a florzinha, toda adocicada.
Abra a boca e mostre a língua
Engula minhas pétalas
Como se fossem água


Eu engoli a florzinha, mas que maldade!
Agora passo mal a vida toda
Fico por aí, vomitando poesia
E de amor, morrendo doida.

domingo, 27 de maio de 2007

winged.


[ para /winged (que não conheço, apenas admiro)]















Ela sentou na mesa, o vento soprava-lhe segredos indecifráveis e os cabelos curtos e louros dançavam na mesma melodia. Era madrugada, cedo do dia, e ninguém havia despertado dos sonhos embriagados ainda. Só ela. Ela e a escuridão do sol, escondido em suas madeixas.

Tentava desenhar, mas só saiam rabiscos desesperados. Bonecos despidos e pretos com grandes olhos assustados. Coração acelerava com o barulho do lápis rastejando no papel. Bocejo. Começou a escrever. Escrevia mudamente, acompanhada somente pelo barulho tímido do seu cérebro. Trabalhando. Contava histórias, derramava angústias. Passou uma página, duas. Parou. Foi até a janela e declamou em voz alta. Sua voz alta, que era quase um sussurro:

"Oh, tu que és dormente
Onde estás agora que em mim se esconde o sol?
O que pensavas fazer ao deixar-me inconsolada
Desolada nos pensamentos sós?
Ah, eu grito
Arranco cabelos de ouro
Soco o umbigo!
Venha à mim antes que a manhã chegue
Antes que os pássaros cantem
Antes que acordem os seres..."


Ninguém acordou. Ela ficou silenciosa, mais que nunca, esperando que alguém batesse na porta. Um, dois, cinco, dez minutos. Sentou. Abraçada com os próprios joelhos derramou toda a doçura acometida em seus olhos. Suas lágrimas adocicadas chamaram as formigas, os doendes, os elfos, as fadas. Todos, reunindo suas forças de frágeis criaturas, a carregaram para um mundo colorido. Onde a dor do desamor ainda batia, é certo, mas que os olhos e peito enchiam-se de cores e havia a esperança multicolorida de novos amores. Ela, despertou-se encantada e, mais uma vez, declamou:


"Ah, agora com asas refeitas
Com olhos encantados
Corpo revestido de magia
Sou nova
Aqui há cores
Aqui há nostalgia
Porque sem ti eu vivo
E não há perigo
De morrer em vida!"


aplausos. Dos elfos, das fadas, dos doendes e das formigas.

sábado, 26 de maio de 2007

segunda carta para nunca ser entregue

Bom, o começo é sempre a pior parte. Te escrevo sem saber por que. Acho que preciso dizer que sinto saudades. Sim, é bem isso.

Planejei várias coisas. Encontros avisados, surpresas, beijos roubados. Mas não te preocupa. Calo a boca e os desejos. Pra mim, resta o sexo verbal. Porque, sim, faço sexo [porque não é amor nem ódio] com as palavras. A maioria delas é tua. Mas os pensamentos não são mais. Hoje, as lembranças colorem e só dói a falta. Eu precisava te contar dos dias e das noites insones. Da vontade de te ligar que ainda bate, sempre que todo mundo foi dormir. Às vezes, até ligo, mas está desligado ou não espero chamar. Só de saber que está ligado já me "acalma". Acho tão estranho que o amor se torne raiva. Queria saber porque, meu deus, porque tem raiva de mim. Foi a carta? Os textos? O amor?

Ouço Caetano até dormir. Fui à um show dele outro dia. Bateu vontade doida de te ligar na hora. Mas a minha mãe estava do lado e eu não teria coragem. Não, não é medo dela, mas de você.

Ando lendo muito Caio. Tenho dois livros. "O essencial da década de 1970" e o de 90. Só falta o de 80, que é o que tu tens. Quando fui comprar o de 70, fiquei em dúvida entre este e o "teu". Optei pelo outro. Foi uma vitória.

Ah, todo mundo ama a "tua" tatuagem e eu me encho de orgulho ao dizer que foi por amor. Tá, eles me chamam de louca. Mas me sinto bem, sinto mesmo. Eu também não soube te amar. Exagerei (amos) na dose. Veio um caminhão e atropelou a paixão, como diz a música. Mas nunca se transformou em bom dia.

Onde você está? E agora, como continuar sem pensar e/ou temer? Não sei. Houve pessoas e palavras mas não dá. Ok, stop. Nada de nostalgia. Senão, não passa na censura.

Na verdade, você me faz mal. Um I can't live with or without you bem típico. Queria dizer : " Não me procure mais, a minha bateria esgotou. O mundo é azul e o meu céu também. Mais tarde eu esqueço e vá se foder se não me ama, acho coisa melhor. Te amo por agora, mais tarde, não sei." Mas não consigo. Como teus vermes e te sirvo café. Café e cigarro= um livro pronto. Lembra? Tenho fumado demais. Tu és o meu bastão de câncer. Cada tragada é mais de ti pra dentro de mim. Por isso solto depois.

Tudo anda manso. Aquele manso de pitbull adestrado, sabe? Escola, livros, caderno, computador, cama, tu, sonhos (às vezes). Não há mais a grande Dor. Só aquele vaziozinho e voz com gosto de nostalgia. Espero que estejas mesmo feliz (sim, hoje - eu disse 'hoje'- desejo isso]. E bem clichê: quando precisar sabe o número, o endereço, o e-mail. Pode até gritar daí que eu juro que escuto.


com todo o Amor,


Tayná

sexta-feira, 25 de maio de 2007

as pseudo-aline.

elas tentam. eu juro que elas tentam. tanto que chegam a dissolver meu coração a ponto de bebê-lo. mas não desce. não há como. tu, mulher de alma cigana, prendeu minha mente com tanta força que o resto só parece robôs multicoloridos. não há equilíbrio e nem densidade. há beleza e fúria, essa é a verdade. as palavras ligam-se umas às outras mas não formam o monstro lacrimoso que tive em meus braços. não. eu tento também, tento aceitar. mas a tua voz ainda ecoa nos meus pontos de prazer e sanidade.

devia ser proibido essas cópias baratas de mesma letra. mesmo ton, mesmo riso. mas ah, foda-se. eu só queria te dizer que não dá pra comparar. ô cigana maledeta.

quinta-feira, 24 de maio de 2007

"plantei um pé de flor, deu capim"



_"Capim", Djavan_

quarta-feira, 23 de maio de 2007

i bless and curse the day i met you.


Então, eu me perco. Não consigo concentrar os olhos. Pra lá e pra cá como a tua cintura no meio de peitos suados. Parou de chover e eu te derramo por todo o prado tão verde do pedaço de paraíso que tive hoje de manhã. Eu queria roubar o teu pai, moça. Não são sempre as mesmas. Nem sei mais pra quem é. Só abro demais a boca e sugo o que o vento traz na sua poeira. Se os meus cabelos dançassem mais, eu sorriria. Mas nem sempre se sorri, não é mesmo? A gente tem hora marcada pra tudo. O relógio do meu pulso parou. O relógio ou o pulso? não sei. Um momentinho, por favor. Estou aqui, esperando que o tempo passe e a noite não acabe. Carpem noche. Não quero dormir, quero fechar os olhos e viajar nas asas rubras do amor que nunca tive. Quero não querer mais nada e acabar-me de beber do teu seio, ó vida, sua puta. Se a virgindade fosse realmente sacra eu não a teria mais. Nada em mim é puro,a não ser isso. E o que é puro, afinal? Já perguntou Plath. Puro não é porra nenhuma. Puro é a negligência vestida de branco, com uma flor amarela na cabeça. Não presta. Nada assim presta. Nem eu. Mas acontece que vocês continuam a jogar-me comida e eu como e como e como. Quero ficar obesa e matar, um a um, com o peso da minha dor. Vocês morrerão esmagados pela minha angústias e eu os comerei com os meus dentes de fúria. Direto para o meu estômago de desgosto. Hmm, um gosto delicioso! E lá eu os decifrarei. Marcarei sua pele desfeita com o meu sangue tóxico. Ácido, o meu ar. Não se precisa de drogas, quando se alimenta a Tayná. Intorpecente e louca varrida. Varrida mesmo, daquelas que andam nuas nas ruas cinzas de Belém. Belém, ô coisa que odeio. É quente e fede a peixe podre. Belém podia ser eu amplificada. Nas ruas marcadas por ignorâncias e suor. Belém escorre pelos meus seios, marcando a minha blusa. Marca forte, não sai nem com água sanitária. De nenhuma marca, juro. Sabe diabo verde? Pois é. Sou doente por duendes com orelhas afiadas. Partem-me os olhos. Não vivo os dias, só cuspo no chão. E a chuva derrete o meu catarro, tornando vivo tudo aquilo que já matei. Salvem as crianças, as férias estão aí!

sede.


não suspirai por mim! Aqui morre alguém que já ousou sentir a fúria dos teus dedos de poesia perdida. Amanso o passo para não cair aos teu pés. Ah, que loucura é essa? Eu só uma vez te vi! Não desalinhe meus pensamentos, estavam todos tão sincronizados! Agora sou um cordel. Uma folha sem margem. Um papel todo rabiscado com teu nome em caixa alta. Roubo a inspiração da minha cólera e te vomito nas esquinas do meu pensamento. Minha cabeça é um motel. Lá, transam todos os devaneios. Orgias que viram dias. Sonhos que viram copos, cheiram pó e usam heroína. Todos anestesiados para não me sentir. Porque eu sinto demais e vos deixo loucos! Vamos, cantem comigo! o hoje acaba daqui há pouco e a porra do sol vem me mandar acordar. Quem o mandou escrever essa sentença? Ninguém devia ser obrigado e eu não devia ser tão educada. Te quero. Aqui e agora. Seguro uma arma na mão e degolo cada um dos meus versos. Faço os beijos suicidarem-se e as vontades correm feito loucas avariadas. Redundância é o meu forte. E eu lá tenho forte? Só se for cheiro forte, desses de macumba mesmo. Ah, hot voodoo! Espeto teus seios para que sintas o fogo das minhas angústias. Curve-se ao meu desespero-paixão. Não, hoje não irei desaparecer como fumaça e nem serei montanha. Montarei em ti e cravarei em teu pescoço a minha fome. Não hás de me rejeitar, não hoje. Coma da minha cinza, beba da minha saliva. Mate a sede no leite da minha pele. Faz bem, o cálcio. Faz mal, a minha paixão. Pois ainda não posso chamar de amor. Ainda não. Mas corre ventre adentro. Navalha do tempo machucando os meus versos. Cores amarelo e azul manchando o sossego de uma tarde tão suave. Te beijo saudosa. Porque eu te vi e te quis. Porque eu fugi contigo pra além daquelas horas. Dá-me um pouco dessa tua solidão de musa petrificada, que a minha sede é seca e ressecada.

segunda-feira, 21 de maio de 2007

for you, i wait.

"essas mulheres das nossas vidas são deveras errantes.. intesamente excitantes.. e muito discrepantes em relação ao sincrônico recortado entre a diacronia imperiosa."
_Jorge_




eu não canso. abro as pernas e descanso os músculos. não abaixo a cabeça mas as nuvenzinhas ficam carregadas e os olhos embaçam. por momentos, ela foi a razão de mim. não sonha muito, não sonha muito.bem, disso eu já devia saber. mas ah, porra, não interessa. cuspo na cara do espelho e varro o chão com a minha língua. que não esqueço do teu cheiro, não esqueço da tua pele. não adianta. e quanto mais eu ando, mais caio em ti. sobrevivo assim, sem saber. porque todas são desse jeito e a tua letra é igual a dela. nem sempre dá... nem sempre dá. mas eu carregava o mundo, eu pintava as flores, eu me despia, eu juro que faria qualquer coisa! mas as palavras não bastam. eu podia te tocar. mas não canso e espero. meu sorriso há de voltar. enquanto isso, rabisco poesia na parede, esfrego a mão no ralador, lavo os cabelos na máquina de lavar roupa. giro até vomitar. vomitar é melhor que sangrar. pelo menos tem uma cor própria. nesse caminho meio perdido, encontro flores murchas. eu cuido e voar de novo é uma dilícia. mesmo que com o coração picado.