quinta-feira, 28 de junho de 2007

dia do nosso orgulho.


dia do orgulho gay.



porque todos temos o direito de amar, não importa a forma. queremos amor, saltando do peito e entrando na carne. não importa cor, sexo, raça. nada importa, contando que seja regado por essa onda vermelha. somos todos iguais. somos todos humanos. preconceito é pura necessidade de auto-afirmação. não se deixem levar por coisas do tipo. amor é amor e por o ser, já basta. mandemos os preconceituosos pra putaquepariu, e tenho dito.


parabéns, para todos nós.




e,ah, sim, sou bisexual e muito feliz com o meu poeta, obrigada.

terça-feira, 26 de junho de 2007

Parabéns, Patrícia.


Aqui ainda 26, lá 27.


Hoje, ou amanhã, como queiram, é o dia dela. É o dia de cair na vida e recitar poesia pelas ruas. É o dia em que não me conformo e engulo o oceano num só gole. Porque não há palavras o bastante para descrever o abraço que eu queria dar-lhe agora. E, Patrícia, quero que saibas que vibra em mim o teu nome e corre em minhas veias a tua poesia minha, a minha poesia tua. O gosto amargo dissolve-se e me cubro de um manto de lembranças, que me entorpece a mente e esquenta o peito. Quero hoje que os anjos desçam no céu e venham comigo, a carregar-te por entre as nuvens. Te roubarei estrelas e até a Lua, para que a pendures no pescoçoe e brilhe, mesmo quando apetecer-te apenas conversar com as sombras.

Na verdade, não tenho exatas palavras para expressar-me. E sempre foi assim : a Tayná sem palavras para com Patrícia. Entenda meu silêncio como toda a devoção que há em mim, por ti. Quero abrir meus braços e te ver lá, olhando-me, te direi exatamente isto:


- Hoje, hoje, meu anjo. Venha, dê-me a mão. Voaremos e cantaremos em nossos sotaques destintos. Deitaremos nas nuvens e lá, absorveremos toda a poesia vindo do que há de mais belo. Venha, venha comigo.


E partiremos.



Hoje, amanhã, mais que nunca, o pensamento é teu.

Hoje eu jogo fora a alma

eu arranho o vento

eu cantarolo o momento

e te espero pra sempre

para navegarmos nos olhos nosssos

e encontrarmos o cabelo da vida

e nos infiltrarmos nele

até o fim

até que em ti

caiba a minha.



Tome meu silêncio como teu. Me mata, me reviva. Faça o que quiser.



Parabéns, por existires, Patrícia.

domingo, 24 de junho de 2007

pra lá e pra cá.

- eu não sei,sabe.
- não sabe o que?
- isso.
- isso o que?
- ah, eu já disse que não sei.
- mas o que acontece?
- um comichão no coração.
- hã?
- desce amargo e perfura. e coça, mas não tem como coçar o coração, tem?
- não, acho que não.
- mas talvez nem seja o coração, sabe. talvez seja a alma.
- e tem como coçar a alma?
- não, não tem. acho até que é mais difícil.
- então eu invento.
- não, não faz isso.
- porque?
- porque eu preciso.
- então! por isso que vou inventar.
- não, você não entendeu.
- não entendi o que?
- eu preciso sofrer.
- credo. porque?
- porque eu firo.
- fere, é?
- firo, tanto quanto essa coceira na alma.
- não acho.
- você não precisa achar, eu tenho certeza.
- você tá sendo frio.
- eu avisei.

sábado, 23 de junho de 2007

mas se eu...


se eu chegar tarde, me espera
se eu cedo aparecer, me abraça
se eu te ligar de madrugada, me acolhe
se eu gritar, me perdoa
se eu calar, me grita
se eu cair, me segura
se eu sorrir, fotografa
se eu correr, me acompanha
se eu viver, não morre
se eu dormir, me acorda
se eu sonhar, me ouve
se eu beber, me controla
se eu fumar, me perfuma
se eu me drogar, faz o mesmo
se eu pular, te abaixa
se eu me abaixar, pula
se eu beijar, me morde
se eu sumir, me procura
se eu aparecer, me faz cócegas
se eu não gritar, faz mais
se eu iludir, me bate
se eu cansar, me carrega
se eu errar, me concerta
se eu voar, voa comigo
se eu for, sê
se eu desistir, me ilumina
se eu apagar, me escreve
se eu chorar, me seca
se eu criar, distrói
se eu for, vai também
se eu lembrar, me esquece
se eu contar, escuta
se eu não dormir, acorda
se eu mastigar, engole
se eu vomitar, me dá banho
se eu morrer, te mata
se eu odiar, compreende
se eu esquecer, me lembra
se eu cantar, toca
se eu sussurrar, ouve
se eu sentir calor, me abana
se eu comer, faz suco
se eu não aguentar, aguenta por mim
se eu não estudar, me dá cola
se eu aprender, te ensino
se eu desejar, realiza
se eu arrotar, ri
se eu amar
bom, aí eu deixo você escolher.

sexta-feira, 22 de junho de 2007

quem és tu?


é que, sabe, eu não entendo. não entendo mesmo e isso em agonia, ou melhor -ou pior- dói. não devia ser assim. foi macumba ou qualquer coisa, eu juro. e eu giro os olhos por aí mas não tem ninguém pra ouvir. ninguém quer ouvir. as pessoas estão cansadas. e eu com preguiça delas. não é fácil. demais pra mim, eu diria se ainda soubesse falar. escrevo nas paredes pra não esquecer. amanhã é dia de viver, tayná. tem isso rabiscado por todo canto. mas sempre me esqueço. as horas nunca pareceram tão vivas. eu enxugo o rosto, pra lavar de mim essa saudade que se prende nos olhos. eu tento gritar, sabe. mas me prendo forte à cadeira e não caio. não, podem me balançar, me sacudir, me bater, mas não caio. ou talvez, já tenha caído e nem saiba ainda. isso é o que vocês deviam me dizer, não eu concluir. eu não aguento. o rosto lindo, a lembrança apagada e, ao mesmo tempo, tão viva que arde. beijo a minha janela. alma polida e um tanto enferrujada. se alguém se esbarra em mim, é tetano na hora. mora algo aqui dentro que morde. morde fundo e eu fico tão sem forças. porque dormir dói. sonhar mata. e ter pesadelos acorda. isso tudo é um ciclo vicioso e o meu circulo perfeito se desfaz na água, onde joguei uma pedra e depois outra. estrondo. a água não faz barulho mas me levaria longe. tão longe que os olhos de vocês não mais molhariam-se por minha causa. eu não queria fazer tanta coisa. não quero fugir mais. quero me esconder num canto escuro do quarto e escutar que vais me puxar. numa voz triste e diferente. porque alguma coisa não está certa e eu juro que a culpa não é minha. mas você não pode saber. e alguém já sabe. e isso era segredo. ah, como eu queria ter um botão de auto destruição. homem-bomba, me empresta a tua força de destruir a língua? quero calar os dedos, principalmente. colocar o coração numa garrafa e por no oceano. eu já me perdi e era hora de apareceres. filosofo. eu filosofo contigo.

solidão de aeroporto.


é que sem você aqui, as luzinhas param de piscar e fica tudo um breu e eu sem palavras, me escondo nas cobertas esperando que o bicho-papão, por sorte ou acaso, seja você. e nesse mundo debaixo do cobertor há lulas gigantes, peixes engolidores de sonhos, fadas carnívoras, águas vivas superácidas, cachorros famintos, pássaros vampiros mas nenhum bicho-papão. porque você tá longe e não aparece. e eu fico repetindo 'bah bah bah tchê quarrrto' pra ver se consigo imitar o teu sotaque que acho tão engraçado e bonito e te sentir um pouquinho, mas só um pouquinho meudeus, mais perto. e essa distância toda me afeta o coração e ativa o alarme e no mesmo instante milhões de alfinetes de cabecinhas coloridas perfuram-o. e dói. poxa, dói tanto. quando o ar toca a minha pele e eu sinto todos esses pelinhos começarem a dançar e todo mundo falando & falando & falando e eu querendo sair correndo pra nunca mais me acharem e talvez assim, você apareça no meu escondeirijo e me salve das garras afiadas e vermelhas da vida que continua porque quer. e eu tenho umonte de coisas pra fazer e eu penso puxa como eu gosto da voz dele e queria que ela não sumisse nunca naquela caixinha cheia de números e letras e imagens e luzes. agora ainda é um pouquinho cedo e eu aqui, querendo ser um relógio e girar girar girar. faça cócegas até eu gritar, por favor. eu vou gritar bastante, eu prometo. e eu vou escolher o meu sorriso mais bonito pra grudar no teu. me leva pra qualquer lugar que seja longe dessas pessoas que não sabem amar e me machucam tanto quanto os homens machucam a camada de ozônio. por favor.

note II

eu só queria gritar.




e queria muito, muito mesmo, que ouvisses e gritasses de volta.

quinta-feira, 21 de junho de 2007

apelo.


jogo as chances no ventilador. quero que espalhem-se por todo o meu quarto, enchendo-me de um cheiro de esperança. porque as horas passam e minha garganta se fecha. e essa unha arranha e arranha o fundo. quero cuspir. desaprendi a soltar a fera. agora adormecida, no chão da minha mente avariada. talvez branca, alta, magra e doente demais, eu seja. não ouçam a minha voz. morrerão de sono, sem dormir. então sossegue os passos e abra os braços pra eu me aninhar. o caminho mais fácil é aquele onde as pedras são sobremesa e o meu coração, o prato principal. pra pesar mais, um coração tão encharcado assim. não se atreva a investigar a minha mudez. darei um grito que ensurdescerá o mundo, de uma só vez. eu estou catando os cacos, meu amor. para colar com meu sangue. meu mosaico. não cuspa mais essa saudade na minha cara. é tão ácida que me deixa vagando por aí, arranhando as paredes só pra me fazer arrepiar com o barulho agoniante. sou aguda assim, sabias? tusso, tusso e não sai um germe. só fumaça sem cor. transpareço no espaço que nos divide. adentro o teu corpo como alfinete em peitos abertos. sobre amor e doenças. não creia. ela não pensa. e apaga-me como se faz com memória ruim. ah, pelamor, não me deixe mais uma noite assim, sozinha.

quarta-feira, 20 de junho de 2007

-

arranha a garganta
com unha de aranha
tanto que assanha
a puta da minha voz
que sai igual iguana
verde e estranha
ardendo as entranhas
na porra do sol.

terça-feira, 19 de junho de 2007

eu e as deformações.

eco de um lado
mão de outro
sou um suspiro
um grito
um beijo
sou sexo
com amor
sou nada
seja lá o que isso for
e quando não sou
derramo no chão
entro nos vermes
cato os vidros
como sangue quente
adentro o coração
vou comendo os pedaços de gente
qualquer um que vem pela frente
pode ser a vítima
de mim, o cão
mas sou também anjo
flor com pétalas rosadas
pena de travesseiro
ervilha embaixo da almofada
e quem não me sente
é porque não é princesa
não é príncipe nem sapo
é só uma caixinha
que não gosta de surpresa
e uma barriga cheia
que nem o meu saco.

segunda-feira, 18 de junho de 2007

twee pop kind of love.


obrigada por ter ido
e deixado o meu cansaço
guardo no prato um sorriso
que devoro com o garfo

abraço as minhas costas
arranho um nome nelas
sinto vento frio
e corro pra janela

lá tem uma nuvem
negra com diamantes
canta pra mim, delírios
como se eu fosse sua amante

e me ensina a versar
versinhos bonitinhos assim
porque é doce e imperfeito
como ele é pra mim.

domingo, 17 de junho de 2007

note.

Mundo, 17/06/07


recolha, por favor, as suas fadas carnívoras, sua escova de dentes, seus chinelos, seus sorrisos e suas lágrimas e vá embora.




obrigada.



a tayná.

sábado, 16 de junho de 2007

emptiness still leaves a space.


Incoerência dos sentidos. Mata-se tudo que se ama. Sou presa por não amar e livre por ser amada. Sentindo as pontadas de angústia no ventre. Cantarolando Piaf num sotaque ridículo. Nada mais importa e os cortes voltam. Bem menos e escondidos, desta vez. Dorme, dorme que eu não me importo mais. Que chorem lágrimas ácidas sobre nós, os anjos. Queimando a vida com uma luz flamejante. Diga que me ama antes de chegar. O tempo cansa e transmite sonhos. Meus pesadelos acabam de acordar.

Eu não sei qual seria o último pedido. Imcompreensível assi, eu. Vezenquando bate a saudade. Então, eu levanto, vou à janela gradeada e sacudo a alma. Não quero mais. Que não reste nenhum vestígio em mim. Na minha pele, galeria de arte decadente. Porque não vejo sorrisos. Enquanto ele chora, eu grito. Eu sequei e não existe mais rio. Só um mar. Tão salgado quanto o que não tenho mais. E a paz? A paz é uma palavra que tenta causar alívio mas só nos deixa mais violentos e desesperados, pela lucidez louca de saber que nunca iremos tê-la. Quero colo frio pra me tirar desse inferno. Dormir sozinha, na sala de aula barulhenta. Não fazer bagunça. Não sujar a vida. Minha alma é tão negra quanto o fundo dos meus olhos. E o preconceito? E o preconceito, Tayná? Não existe. É só uma necessidade de auto-afirmação.

Não existe mais delicadeza. Só uma coisa forçada e que faz a cabeça coçar, meio sem jeito. O gosto daquilo que nunca provei. Tenho medo. Os membros amputados no meu teto só assustam aqueles que nunca amaram. Pobres formigas esmagadas pela solidão seca causada por minha alma encharcada. Não aguento. Juro que não aguento. Lábios duros, tão mortos quanto a vida de olhos fechados. Me escondam, por favor. Chega de aberrações por hoje. Me sinto sufocada aqui. Que me tragam algo, hoje sou uma overdose de ti, nada.

Juro que se não houvesse isso que não tem nome, eu não precisaria escrever. O negócio é que há. E há beleza que não posso - ou quero- tocar, ao meu lado. Acho que não acredito em mais nada. Nem no amor. Meu ou deles. Isso e pior do que eu imaginava. Eles não entendem e eu não facilito. Que seja assim, eu não sou a porra de um vestibular mesmo. Piadas idiotas, eles contam enquanto riem. Falta ar aqui. Em mim, o surto das coisas que não fiz. Má conduta. Não acredito em educação. Tá vendo? Cheguei ao ápice. Ápice do vazio.

quinta-feira, 14 de junho de 2007

mon ménage a moi



quero não lutar. quero não querer mais nada. porque aqui o tempo só passa e tenho medo do pó. pó que me torno e à quem faço perguntas. sem pontos, maiúsculas ou entonação. beijando os olhos da vida para que ela durma e me deixe degustar minha insônia. vulcões e palavras como labaredas ásperas. comendo a pele, contorcendo tudo até parecer plástico queimado. negro e engilhado. que nos braços da loucura, eu caio bem. eternamente Caio, nós. porque a roda continua girando e eu aqui, querendo escalá-la com os dentes. não me traga uma mão vazia. me traga um membro amputado. pendurarei na janela. farei da tua dor, quadro. para que eu não mais tenha medo e veja como está tudo bonito e o mocinho na moto branca, dessa vez é meu. e eu digo as palavras que tu fizeste, não ligo. porque não me feres mais. porque tenho coragem e é muito bom assim. acalmo os meus movimentos com Piaf. despedaço-me nos braços do vento. que comam-me os vermes. que transem sobre meu tormento, as minhocas. acho um nome tão bonito. mi-nho-cas. gritem e elas dançam. uma dança melada e suja. como quase tudo é, aqui.





foto de Diane Arbus.

quarta-feira, 13 de junho de 2007

presente.

eu coloco um pedaço de papel alumínio na boca. devagar, vou mordendo. Até que fique bem fino e quase uma bolinha. então, engulo. vou administrando o caminho dele pelo meu intestino. passa arrastando com sua aspereza em todos os cantos. viaja secamente pelas veias entupidas e consegue chegar no coração. o embrulha. coloca o coração em banho-maria hemoglobina. depois, vomito-o, só ele.


aqui está.meu coração.de presente. pra ti.

terça-feira, 12 de junho de 2007

ateu.


meio disiludida nas ruas cheias de formigas e formigueiros. cansada de arrancar suas antenas, paro e reflito:


ser ateu. ser ateu? poderia dizer "ser teu", mas não, é "ser ateu" mesmo. não sei até onde essa discussão sobre no que acreditar ou não pode me levar, mas me assanha. eu, em minha vã filosofia, como já dissera Shakespeare, não acredito que alguém possa declarar-se ateu. afinal, o que é isso? deixe-me consultar o dicionário: bom, há vários significados, mas vamos por parte:


1- "aquele que nega a existência de deus [em minúscula mesmo].


até aí, eu concordo. é possível e aceitável que não acreditem (emos) na existência desse deus. todo poderoso e onipresente. não creio mesmo que existira alguém tão bom e tão dotado. não cabe em mim a noção de que o mundo fora feito por mãos mágicas, divinas. a ciência me preenche esse vazio, certamente. porque, como poderiam explicar a violência, a ignorância e todas essas coisas que há no ser humano? live arbítrio? me poupe. pra mim isso parece uma desculpa da igreja para aquilo que não conseguem explicar. e é sempre assim, não? quando não se sabe algo, ou inventa uma mentira sincera ou diz que não lembra. assim sou eu, quando não conheço algo, digo que não lembro, pra parecer menos burra. se ser ateu fosse só isso, eu poderia ser um.


2- "incrédulo".


vejamos, é possível mesmo que uma pessoa consiga viver sem crer em nada? não, para mim, não é. tudo bem que não se acredite em deus e todas essas coisas que acho uma baboseira só. Mas não acreditar em nada? nada mesmo? por favor. se acordamos é porque acreditamos que há uma vida. Há a natureza, há a ciência. como alguém viveria sem crer que nas coisas simples como o vento, o sol, a vida, o amor. Alguém vive sem amor? até os mais solitários que já conheci, viviam porque acreditavam que o amor os salvaria. sempre, nos momentos de medo, acreditamos em algo, nem que seja que vamos morrer naquela hora. vivemos para acreditar. os conceitos mudam, a vida dá voltas mas sempre estamos a acreditar em algo, caso não, estariamos todos enterradinhos num quintal qualquer. os olhos tão assustados que nem os vermes iriam querer.


3- "ímpio".

pode ser lido como "cruel", também. o que acho um tremendo de um preconceito vindo de um dicionário. só porque não se acredita no deus todo poderoso e não segue uma religião, há de considerar alguém cruel? caramba, queimem os dicionários!




mas, vem cá, na hora do desespero, quando não se vê mais possibilidade pra nada, em que tudo está prestes a desabar nos pés delicados de uma alma viva, não dá vontade de citar aquelas palavras decoradas que aprendeu quando criança ainda?



pra mim, na hora do desespero, ninguém é ateu.

segunda-feira, 11 de junho de 2007

.

no quadro negro uma palavra
chuva
hoje aprenderemos como se lava
a alma
e depois se enxuga.

domingo, 10 de junho de 2007

idiotic.

só de acordar, os dias caem em desespero
não sou mais ela, sou a outra
de cabelos longos
olhos negros

na imensidão que é o grito
sobem alto os pássaros
não sou homem nem mito
tenho os pés descalços

e não me perguntem porque
há de ser assim
é que quando escorre pela escada
chega doendo até mim

calo os versos e abro a boca
surpresas pintadas
um dois três quatro
cala a boca
desgraça
vou embora
pro teu quarto.

sexta-feira, 8 de junho de 2007

dull.

passos mudos e sinceros. piso com força nesse chão que não afunda. peso-pena. os olhos passeiam pelo mundo ao redor. nada comove, tudo toca. inacreditável, estar assim. quando os minutos são atingidos pelos ponteiros negros como cílios, o mundo todo se torna água e eu passo a mão pelo reflexo. tudo dissolvido, assim como num gole de bebida. álcool rasgando a garganta. gritos abafados e suspiros assanhados. ouço o teu caminhar de longe. da tua loucura quero provar até que não sobre uma só gota. entorne o cálice deste teu licor sacro sobre meus lábios rubros de Poesia e vontade. os dedos céleres percorrem a vibração das cordas vocais, tão cansadas. cansadas demais para um dia calado. tão mudo assim e sem controle. as respostas se escondem nos cantos da tua boca, sorrindo ávidas para mim. porque eu não sei mais nada e os ventos doces são tão desnorteadores que fico desse jeito, tão. as confusões caindo aos meus pés e me lambendo, com línguas ácidas, as chagas curadas. porque o teu abraço imprimido no meu corpo e como a gente viajava naquela fumaça me fez ganhar o dia. um sorriso causado pelo sol na minha cara e pela a tua presença no arder das minhas veias. sons ecoando no espaço entre dois corpos embriagados de distância. porque eu como os quilômetros e me engasgo. não há ninguém para soprar-me a testa. o vazio repleto de coisas velhas, acumulado no ventre-abrigo. porque me recolho e junto meus pedaços, tentando alcançar tua mão de algodão plantado na lama. a minha língua de Syvvy percorre a tua nuca para cair nas tuas mãos riscadas de movimento. balançando a alma continuadamente. sem interromper o ciclo vicioso de uma mente fosca. nada mais salva o mundo. i'd break the back of love for you.

quinta-feira, 7 de junho de 2007

tayná nas nuvens indigo-laranja.


vem, aparece. quero te mostrar como o céu é bonito, aqui nesse vento quente. como as estrelas são pequenininhas e mais parecem um colar de brilhantes de um negão que se chama Noite. quero ficar no teu colo e receber todo o carinho do mundo. as formiguinhas passam e eu quero que tu estejas aqui pra me ajudar a acabar com suas miseráveis e açucaradas vidas. porque elas entraram no meu pote de açúcar e quando eu fui adoçar o café, tinha umas duas formigas-suicidas lá, defuntinhas no meu café ruim. mas faz bem pra vista, eles dizem. e Björk no fundo, cantando coisas como 'oh, i miss you but i haven't met you yet' ou Caetano com 'às vezes no silêncio da noite, eu fico imaginando nós dois'. bem, eles me entendem. se bem que as noites não têm sido tão assim, silenciosas. porque parece que passo as horas todas gritando o teu nome aqui dentro.


vem, aparece. porque eu tou com um enjôo daqueles ruins mesmo e sinto que devia estar no seu colo, com você me fazendo massagem na barriga. e as pílulas que eu não tomei hoje, sabe? você faz o efeito delas, mas diferente. faz um-trilhão-quatrocentos-e-cinquenta-e-sete-bilhões-novecentos-e-quarenta-e-seis-milhões-e-trezentos-e-trinta vezes melhor.e além. e nesse exato segundo eu lembrei do dia que você voltou pra casa e não foi pra festa porque a gente queria era ficar se falando e de como, naquele momento todo, eu desejei mais que nunca ser mesmo o abismo-flor. e de como eu sabia sem saber que você já estava tão em mim que nem que eu tentasse, conseguiria escapar from falling for you.


vem, aparece. que essa saudade devoradora de entranhas, dói. uma dorzinha assim gostosa, sabe? que vai comendo você por dentro mas sem deixar de fazer uma cócega tão agradável que dá vontade de ficar assim doendo para siempre. mergulho na chuva e ela me conta segredos tão lindos que eu sinto arrepios por todo o corpo. queria te contar, timtim por timtim, a minha vida. tudo que sei dela, até hoje. e vou contar, daqui um mês. ah, só um mês, amor, só um mês maledeto nos "separa" da plenitude dos sentimentos e do bem [ou ótemo] estar.
baby, you're so vicious.


tá, eu sei que sôo boba e que você, quando ler, provavelmente vai pensar "mais que menina mais boba & idiota, essa" , mas é que eu não passo mais de uma menina boba e apaixonada que não saber falar de outra coisa a não ser do que sente.

cala a boca, tayná.

eu não consigo mais escrever coisas amargas.


estranho.





estranho-bom.

poema bobo.

os pinguinhos de chuva molham o meu cabelo
eu engulo cada um
que me toca os lábios
eles fazem cócega
e eu solto um sorriso.

desenho um mundo novo
todo colorido e simples
onde chova sempre
e aqui dentro só sobra a gente
se amando e cantando
que nem um dilúvio afoga
essa coisa doida
que parece cafuné
e beijo
e carinho
e é mais doce que leite moça
e mais bonito que vela no breu

porque a tayná é toda dele
e o fernando é só meu.

quarta-feira, 6 de junho de 2007

i wait for you like a dog.


espero pelo momento. momento em que sobe ali o nome que me deixa tremendo. porque as horas custam a passar e o relógio mais parece veneno. porque ele é vicioso e eu quero ter uma overdose. um dia a menos, é sempre bom pensar. enquanto ele trabalha & bebe & fuma, eu fico aqui, com o meu resto de vinho e a carteira pela metade tentando contar nos dedos os segundos e com as batidas do peito - cada vez mais apressadas- calculando quanto tempo falta. porque eu quero-o aqui, dizendo todas aquelas coisas lindas, que só ele sabe dizer.


os cacos de vidro viram flores e eu me derramo pelas escadas, engulo fumaça, que é Ele, transfigurado. Porque ele é o meu amor, meu poeta, minha chuva, minha fumaça, meu travesseiro, meu príncipe-mendigo, meu tudo. foi tão de repente, como uma dança maluca ou um gole de vinho, descendo com força e delicadesa, me deixando desnorteada e abdicando de tudo, para ser Dele e mais nada. Ou tudo. Porque com ele o universo parece tão pequenininho que eu posso segurá-lo na ponta dos dedos. e eu quero tanto tanto tanto que ele chegue logo pra ouvir a voz cansada e triste mais linda do mundo. e eu prometo que não durmo essa noite. ah, eu quero.


quero todo o tempo do mundo pra beijar e abraçar e amar.



toda, completamente entregue, eu.

terça-feira, 5 de junho de 2007

Like someone in love- chet baker

Lately, I find myself gazing at stars,
hearing guitars like someone in love.
Sometimes the things I do astound me,
mostly whenever you're around me.
Lately I seem to walk as though I had wings,
bump into things like someone in love.
Each time I look at you, I'm limp as a glove,
and feeling like someone in love.
Lately I seem to walk as though I had wings,
bump into things like someone in love.
Each time I look at you, I'm limp as a glove,
and feeling like someone in love.
Feeling like someone in love....
....In love.

segunda-feira, 4 de junho de 2007

panda.



seis estrelas pra mostrar como é. conto os dias, nado contra a maré. pra te encontrar ali, na terceira margem do rio. comendo frutas amarelas e se sujando. eu chego e te limpo com a barra do meu vestido. você sorri e eu também. a gente se deita na grama mais verde do mundo e as formigas passam por cima de nós. eu te olho fundo. tu olhas pra mim. como teus olhos negros com recheio de poesia branca, ou marfim.


de lá vemos o céu e tu dizes " como ele é indigo, daqui de baixo", porque lá perto deve ser roxo, violeta. passeio as mãos pelos teus cabelos e digo que são macios. canto músicas que a gente conhece e conto segredos de liqüidificador. procuro um formato de nuvem e digo que é pra ti. lá, do lado do cachorro de boca aberta e do violão, vê? é, é pra você. eu que mandei fazer e decidi te dar só agora. achei melhor, a melhor hora. pra te dar e ter, assim.


na nossa vida nova, as cores se invertem. eu te adoro pelo avesso. eu te conto piadas que nos divertem e nos captam pra fora desse mundo vazio repleto de coisas que a gente não usa, como a tua televisão quebrada desde meses atrás. levo nossa casa numa mochila e me ponho a andar. tu ficas lá, me olhando e eu digo 'vamos logo, panda, que a noite já vai começar'.


as mãos em concha e um mundo novo, brotando.

domingo, 3 de junho de 2007

.

eu mostrava os buraquinhos,
cantava fino
e não saia mais.

sábado, 2 de junho de 2007

ri, fernando.


eu daria pra ele todos os dias.


entro pela sala e ele está lá, sentado na frente da janela, em posição de criança que olha mas não vê. chego e me deito bem do lado, como quem nem o percebe. ofereço um cigarro. ele aceita. acendo pra ele, fazendo aquela casinha de mãos, quase sinto toda sua tristeza naquela proximidade. o perfume de poesia que ele exala preenche o meu estômago. mastigo fernando. solto fios de amargura no chão do quarto. ele percebe, abaixa um pouco e vai engolindo,um por um. depois disso, sou eu quem está dentro dele. percorro os pontos máximos e mínimos. lhe causo cócegas e cólera. mas o conheço, ao fundo. assovio canções de árvores de plástico, ele sente. se levanta e me convida. uma dança doida, dessas que só se vê em momentos em que duas mentes completamente estupradas se unem. como nós. depois, já cançados e sem pernas, o ponho a deitar a cabeça nas minhas pernas estendidas no chão sujo de vermelho e verde. que cabelos macios, ele tem! passeio os dedos como se fossem uma criança vagando por entre uma floresta negra e perfumada. baby, we're a complete disaster. duas almas desgraçadas pelo amor. pedindo esmola na rua e economizando o dinheiro que nos resta. lambemos o fundo do poço e sorrimos. um sorriso sarcástico, de quem sabe que a vida é mesmo uma puta e somos todos filhos dela. corto metade do meu miocárdio e colo no peito dele. pronto, agora posso ir.



see you soon.