sexta-feira, 22 de junho de 2007

solidão de aeroporto.


é que sem você aqui, as luzinhas param de piscar e fica tudo um breu e eu sem palavras, me escondo nas cobertas esperando que o bicho-papão, por sorte ou acaso, seja você. e nesse mundo debaixo do cobertor há lulas gigantes, peixes engolidores de sonhos, fadas carnívoras, águas vivas superácidas, cachorros famintos, pássaros vampiros mas nenhum bicho-papão. porque você tá longe e não aparece. e eu fico repetindo 'bah bah bah tchê quarrrto' pra ver se consigo imitar o teu sotaque que acho tão engraçado e bonito e te sentir um pouquinho, mas só um pouquinho meudeus, mais perto. e essa distância toda me afeta o coração e ativa o alarme e no mesmo instante milhões de alfinetes de cabecinhas coloridas perfuram-o. e dói. poxa, dói tanto. quando o ar toca a minha pele e eu sinto todos esses pelinhos começarem a dançar e todo mundo falando & falando & falando e eu querendo sair correndo pra nunca mais me acharem e talvez assim, você apareça no meu escondeirijo e me salve das garras afiadas e vermelhas da vida que continua porque quer. e eu tenho umonte de coisas pra fazer e eu penso puxa como eu gosto da voz dele e queria que ela não sumisse nunca naquela caixinha cheia de números e letras e imagens e luzes. agora ainda é um pouquinho cedo e eu aqui, querendo ser um relógio e girar girar girar. faça cócegas até eu gritar, por favor. eu vou gritar bastante, eu prometo. e eu vou escolher o meu sorriso mais bonito pra grudar no teu. me leva pra qualquer lugar que seja longe dessas pessoas que não sabem amar e me machucam tanto quanto os homens machucam a camada de ozônio. por favor.

2 comentários:

Alexandra Mendes disse...

Gostei muito daqui.

poeta quebrado disse...

levanto e olho pelos cantos, com medo daqueles. reforço a tinta em meus braços e arrisco uma nota. desafinado, desafinado. levanto e ando preocupado, insatisfeito. corro para tuas palavras e as beijo. me esqueço. tremo, mordo, morro e lá estou de novo, fraco diante dos silêncios. ombros caídos, olhar perdido. te busco, te busco, te busco...