quinta-feira, 14 de junho de 2007

mon ménage a moi



quero não lutar. quero não querer mais nada. porque aqui o tempo só passa e tenho medo do pó. pó que me torno e à quem faço perguntas. sem pontos, maiúsculas ou entonação. beijando os olhos da vida para que ela durma e me deixe degustar minha insônia. vulcões e palavras como labaredas ásperas. comendo a pele, contorcendo tudo até parecer plástico queimado. negro e engilhado. que nos braços da loucura, eu caio bem. eternamente Caio, nós. porque a roda continua girando e eu aqui, querendo escalá-la com os dentes. não me traga uma mão vazia. me traga um membro amputado. pendurarei na janela. farei da tua dor, quadro. para que eu não mais tenha medo e veja como está tudo bonito e o mocinho na moto branca, dessa vez é meu. e eu digo as palavras que tu fizeste, não ligo. porque não me feres mais. porque tenho coragem e é muito bom assim. acalmo os meus movimentos com Piaf. despedaço-me nos braços do vento. que comam-me os vermes. que transem sobre meu tormento, as minhocas. acho um nome tão bonito. mi-nho-cas. gritem e elas dançam. uma dança melada e suja. como quase tudo é, aqui.





foto de Diane Arbus.

4 comentários:

Likely Lads disse...

já é costume entrar aqui e ler
mas hoje eu tive de comentar

lindo demais, porra!
plaft, plaft. ^^

Marcos Angeli disse...

veja a cidade que nos sobrou
frio e dor me sujam as mãos
o sol toca o solo pra respirar o pó do tempo
em vão a cidade e seus habitantes
calam teu brilho e tua existencia

Salve Jorge disse...

Cara
Rara
Tara
QUe me para
E faz ofegar
Me vara
Me trespassa
Entre a terceira costela do lado esquerdo
E a quarta
E pendo
Satisfeito
De pelo leito
Ser derramado

Luto
Muito
Pelo teu luto
OLhando-te o vulto
E fico puto
Se não consigo absorvê-lo
Arranco os cabelos
Apenas para fazer-te uma corda
Arrancar-te de sua trilha sórdida
E fazê-la comigo dascansar
E no descanso, sonhar..
E no sonho..
Ponho
Piaf para tocar

Valse minha quimera
Que se a vida não espera
Eu por ti espero
O quanto precisar
Espero que canse as asas
Que doam os pés
Que até as mãos calejes
Por tentar rastejar
E te recolho
E te carrego
E te afago
Por todo o caminho a trilhar
Tenho o que precisas
Um beque
Mil sonhos
E pomadas pras feridas
Até um band-aid se quiseres
Tenho lábios céleres
Para lhe endeusar
Inspiro
Sua ação
Aguardo
Espirar
És
Pira
És
Puro
És ar...

Unknown disse...

pequenina...
se me vem na mémoria meio apagada ou esquecida,o titulo é um nome de uma livro?


amo ler o escreves.