sábado, 26 de maio de 2007

segunda carta para nunca ser entregue

Bom, o começo é sempre a pior parte. Te escrevo sem saber por que. Acho que preciso dizer que sinto saudades. Sim, é bem isso.

Planejei várias coisas. Encontros avisados, surpresas, beijos roubados. Mas não te preocupa. Calo a boca e os desejos. Pra mim, resta o sexo verbal. Porque, sim, faço sexo [porque não é amor nem ódio] com as palavras. A maioria delas é tua. Mas os pensamentos não são mais. Hoje, as lembranças colorem e só dói a falta. Eu precisava te contar dos dias e das noites insones. Da vontade de te ligar que ainda bate, sempre que todo mundo foi dormir. Às vezes, até ligo, mas está desligado ou não espero chamar. Só de saber que está ligado já me "acalma". Acho tão estranho que o amor se torne raiva. Queria saber porque, meu deus, porque tem raiva de mim. Foi a carta? Os textos? O amor?

Ouço Caetano até dormir. Fui à um show dele outro dia. Bateu vontade doida de te ligar na hora. Mas a minha mãe estava do lado e eu não teria coragem. Não, não é medo dela, mas de você.

Ando lendo muito Caio. Tenho dois livros. "O essencial da década de 1970" e o de 90. Só falta o de 80, que é o que tu tens. Quando fui comprar o de 70, fiquei em dúvida entre este e o "teu". Optei pelo outro. Foi uma vitória.

Ah, todo mundo ama a "tua" tatuagem e eu me encho de orgulho ao dizer que foi por amor. Tá, eles me chamam de louca. Mas me sinto bem, sinto mesmo. Eu também não soube te amar. Exagerei (amos) na dose. Veio um caminhão e atropelou a paixão, como diz a música. Mas nunca se transformou em bom dia.

Onde você está? E agora, como continuar sem pensar e/ou temer? Não sei. Houve pessoas e palavras mas não dá. Ok, stop. Nada de nostalgia. Senão, não passa na censura.

Na verdade, você me faz mal. Um I can't live with or without you bem típico. Queria dizer : " Não me procure mais, a minha bateria esgotou. O mundo é azul e o meu céu também. Mais tarde eu esqueço e vá se foder se não me ama, acho coisa melhor. Te amo por agora, mais tarde, não sei." Mas não consigo. Como teus vermes e te sirvo café. Café e cigarro= um livro pronto. Lembra? Tenho fumado demais. Tu és o meu bastão de câncer. Cada tragada é mais de ti pra dentro de mim. Por isso solto depois.

Tudo anda manso. Aquele manso de pitbull adestrado, sabe? Escola, livros, caderno, computador, cama, tu, sonhos (às vezes). Não há mais a grande Dor. Só aquele vaziozinho e voz com gosto de nostalgia. Espero que estejas mesmo feliz (sim, hoje - eu disse 'hoje'- desejo isso]. E bem clichê: quando precisar sabe o número, o endereço, o e-mail. Pode até gritar daí que eu juro que escuto.


com todo o Amor,


Tayná

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