quarta-feira, 23 de maio de 2007

i bless and curse the day i met you.


Então, eu me perco. Não consigo concentrar os olhos. Pra lá e pra cá como a tua cintura no meio de peitos suados. Parou de chover e eu te derramo por todo o prado tão verde do pedaço de paraíso que tive hoje de manhã. Eu queria roubar o teu pai, moça. Não são sempre as mesmas. Nem sei mais pra quem é. Só abro demais a boca e sugo o que o vento traz na sua poeira. Se os meus cabelos dançassem mais, eu sorriria. Mas nem sempre se sorri, não é mesmo? A gente tem hora marcada pra tudo. O relógio do meu pulso parou. O relógio ou o pulso? não sei. Um momentinho, por favor. Estou aqui, esperando que o tempo passe e a noite não acabe. Carpem noche. Não quero dormir, quero fechar os olhos e viajar nas asas rubras do amor que nunca tive. Quero não querer mais nada e acabar-me de beber do teu seio, ó vida, sua puta. Se a virgindade fosse realmente sacra eu não a teria mais. Nada em mim é puro,a não ser isso. E o que é puro, afinal? Já perguntou Plath. Puro não é porra nenhuma. Puro é a negligência vestida de branco, com uma flor amarela na cabeça. Não presta. Nada assim presta. Nem eu. Mas acontece que vocês continuam a jogar-me comida e eu como e como e como. Quero ficar obesa e matar, um a um, com o peso da minha dor. Vocês morrerão esmagados pela minha angústias e eu os comerei com os meus dentes de fúria. Direto para o meu estômago de desgosto. Hmm, um gosto delicioso! E lá eu os decifrarei. Marcarei sua pele desfeita com o meu sangue tóxico. Ácido, o meu ar. Não se precisa de drogas, quando se alimenta a Tayná. Intorpecente e louca varrida. Varrida mesmo, daquelas que andam nuas nas ruas cinzas de Belém. Belém, ô coisa que odeio. É quente e fede a peixe podre. Belém podia ser eu amplificada. Nas ruas marcadas por ignorâncias e suor. Belém escorre pelos meus seios, marcando a minha blusa. Marca forte, não sai nem com água sanitária. De nenhuma marca, juro. Sabe diabo verde? Pois é. Sou doente por duendes com orelhas afiadas. Partem-me os olhos. Não vivo os dias, só cuspo no chão. E a chuva derrete o meu catarro, tornando vivo tudo aquilo que já matei. Salvem as crianças, as férias estão aí!

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