quarta-feira, 15 de agosto de 2007

love is watching someone die.


eu não sei porque estou escrevendo pra ti, aline. talvez eu esteja tão desamparada agora que eu me force a sofrer por ti, mais um pouco. eu não sei que maldição foi essa que jogaste em mim, ao partires, mas eu caí fundo nesse meio-de-caminho e não mais encontro paz nem sossego. caos. caótico. tudo assim, sabe? eu queria mesmo era que me confortasses, agora. mas não podes, e eu finjo entender.


(pausa)


não, não é mais pra ti, aline.

chega.


(silêncio)


[grito]


visto a palavra 'não' com vontade de rasgar o mundo. vomitar a perfeição dos meus sentimentos imperfeitos no teu vestido tão novo e cheiroso que me curvo ao breve e leve roçar de teus olhos falsos sobre mim. eu não quero liberdade da sofreguidão cansativa que é o entregar-se sem pedir nada em troca, mas querendo. não tem nada de errado. não há nada fora do lugar. mas a casa está de cabeça para baixo, não vê? cuidado, os móveis podem nos esmagar. contanto que meu corpo esteja sobre o teu. farei força para não tocar-te e sustentar todo o peso em minhas costas. quem? não sei. eu acho que já apanhei muito, hoje. aqui, esperando o que e onde. os grãos de poeira dançam no chão, onde imaginei cada pedaço de saudade que me agridem os olhos. e eu minto: é a sujeira que me faz chorar. descansar em caos. conto quantas páginas faltam, em branco. risco, risco, risco. não me deixem ver o sol, quero queimar na chama da escuridão. os poetas vão embora e a minha casa tem sabor de tempestade. mas ninguém se afoga, só eu. e o vinho que sai dos meus olhos tinge a água. por favor, saiam daí. no meu último suspiro, pediria desculpas por morrer.






me embriagar,

até que lembres de mim.

2 comentários:

Salve Jorge disse...

"Talvez o mundo não seja pequeno
Nem seja a vida um fato consumado
Quero inventar o meu próprio pecado
Quero morrer do meu próprio veneno

Quero perder de vez tua cabeça
Minha cabeça perder teu juízo
Quero cheirar fumaça de óleo diesel
Me embriagar até que alguém me esqueça..."

Chico

Se cansar
Se der sono
Se tiver fome
Se ficar insône
Se tiver ânsia
Se doer a pansa
Se quiser pensar
Se vier pra ficar
Se ficares para partir
Se for sede
Se for dor
Se sem querer
Ou de propósito
Se passageira
Ou hospedeira
Se mancando ou aos trotes
Se fraquajando
Ou se forte
Se vivida de experiência
Ou à beira da morte
Se só sendo seu ser
Sabes o que fazer
E onde me encontrar
Lá haveremos de cantar
Uma epopéia de você...

Alexandra Mendes disse...

fogo, tu escreves mesmo mesmo bem.
fantástico!

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