terça-feira, 4 de setembro de 2007

primeiro dia da criação.


eu corri pela casa
e te encontrei debaixo do tapete
gritei, sorridente:
sai daí, por favor!
mas como quem é surdo,
cego
mudo
criaste asas e trataste de voar
errou o caminho
bateu na janela
no guarda-roupa embutido
onde está guardada
a tua roupa,
o meu delírio
e um tanto mais.

quando voaste,
as flores morreram
o tempo - pálido-
adormeceu.
só sobrou no céu
um rastro
um caminho vermelho
e na minha testa
uma seta
uma veia, que errou de sangue
e bem no meio
dizia:
"esse alma minha,
esse corpo
é teu."



então, fez-se o dia.

4 comentários:

Salve Jorge disse...

Que se faça a luz
Bradiu o Criador
Sem lembrar-se ter esquecido de pagar a conta
Maldita conta
Como criar um mundo se nem tempo se tem para pagar a conta?
Pensou em ligar e reclamar, mas lembrou-se de que seriam horas a falar com a operadora
Cuspiu sobre o monte de barro que tinha nas mãos
Pensou
Por duas vezes, naquele tempo sem tempo, pensou
Moldou tudo
Atirou em meio ao caos e à escuridão
E bradiu
Que se façam as trevas...

M disse...

fico pra acompanhar o crescimento

Luis Martino disse...

A efemeridade dos momentos de sanidade nunca se foi,
sem deixar mais um corte no meu braço.

ja não conto as feridas porque nao tenho sangue que me faça ter força,
para as sentir...

Alexandra Mendes disse...

uma veia, que errou de sangue
e bem no meio
dizia:
"esse alma minha,
esse corpo
é teu."






então, fez-se o dia.


arrepiei-me com este fim. UAU.