domingo, 8 de julho de 2007

of course i do.


eu quero um grito absurdo, rompendo as minhas cordas vocais. um grito que me faça acordar a vizinhança e até, quem sabe, acordar a cigana pra fazê-la rezar, em toda sua veia ateísta. quero, com esse grito, fazer com que tu, que estás no hospital, te levantes e vás andando tão frágil e estrondosamente pura, entre as tosses e febres alheias. quero, também, que os anjos me ouçam e venham reclamar, dizendo que no céu não há barulho, só para que eu diga: "meu bem, comigo vocês estão no inferno". O meu grito será tão estridente, que quebrará os vidros, destruindo a redoma onde guardo as memórias que encravam a alma. As pessoas, de tão ensurdecidas, se colocarão a girar pelas ruas, fazendo com que os carros cantem para desviarem-se delas. acontecerão diversas mortes, é verdade. mas é esse o risco que se paga por não se nascer surdo.


na medida que meu grito for crescendo, nascerá em mim um desespero e eu tentarei cortar a garganta, para que o barulho cesse. não conseguirei e vocês todos, se arrependerão de me terem acordado.



agora.

6 comentários:

Salve Jorge disse...

Eu tive amizade
Certa vez
Com um grilo
Que cricrilava sem parar
Roçava as patas uma na outra
Num gramado ao luar
Não era grito
Não era urro
Nem alarido
Nem um canto
Era só um som constante e repetitivo
Que não parava de soar
Lhe tinham pouco respeito
A cigarra com seu constante cantar
O pássaro com seu assobio mágico
Ou mesmo o lobo, que muito bem sabia uivar
Poucos viam o grilo
Embora tantos o escutassem cricrilar
Era verde
Subsumido na grama
Aspirando ao luar
Enquanto os outros passavam
Seguiam
Voam
TInham tantas histórias pra cantar
E lá sempre esteve o grilo
Com seu cricrilo
Ininterrupto
Sobre uma folha verde
Ressoando sem parar
No dia em que nos falamos
Interrompeu o som
E descobriu que com as pernas podia saltar
Ganhou ares
Conheceu o mundo
E entendeu que no silêncio
Também se podia cantar
E que as pernas tem outros usos
Além daqueles de fazer vibrar o ar...

Camilla. disse...

irei gritar contigo, quebrando como cacos de vidro os timbres deles, porque tu também, tu também me acordou,amada minha.
talvez não minha, mas eu, eu tua.
até os minutos passarem, e não, 'Horarem.

poeta quebrado disse...

ah, eu grito contigo viu.
que eu já to de saco cheio de todos esses diabos alisando meu rabo com tridentes mais experientes que minhas palavras cruas e sentimentos que no fim de nada servem a não ser me causar mais dor no estômago.

porra, você sabe meu prazo de validade? tô mais pra isso, não.

escrevo aqui porque você é uma ponte que me liga a mim mesmo. não sei explicar. mas sei sentir. desculpa.





e também uma droga que me faz rir e não saber de mais nada que acontece ao redor. infelizmente, é cara e difícil de conseguir. longe de mim reclamar! eu amo mesmo e rasgo os cantos dos lábios pra só te dar sorrisos! me dá mais uma dose? desculpa. preciso comecar a deixar meus vícios pelo caminho, pra um dia voltar e poder me julgar. ou talvez isso fosse simplesmente um saco e eu só penso isso porque não te tenho aqui pra me fazer pensar em mais nada. droga. droga delicada e forte que não tem palavra que alcance.


te beijo toda e passo a língua nos lábios com gosto de abrigo. te abraço pra morrer e nascer mais limpo. olho no espelho e só três letras: teu.

poeta quebrado disse...

"quero me dissolver e nos teus póros entrar... fazendo cócegas e amor, indo por ti, onde isso for... e assim, estarei salva."

Camilla. disse...

não sei se teu amor é tão bom que quando não o temos mais,o vazia é tão enorme,que causa uma cratera dentro,é,aqui dentro,querendo gritar,mas sou muda, e agora,meu amor? estava certa em minha cama,quando perguntei,e dissestes sim,que causavas melancolia.
(aquele poema, lindo lindo)

mil saudades.
tua,borboleta,se quiseres.
lembre-se de mim ...
cuide bem do meu retrado,e sua parede, era pra mim ter te deixado,meu perfume, damnint!

(llll)adoromaisqueopróprioadorar.

Patrícia Lino disse...

Sabes aquele aperto no peito?
Voltei a senti-lo. Não sei como, nem porquê, mas passa-se algo aí, de mau. E eu...sinto, bem aqui no peito.

No fundo.


*