quarta-feira, 4 de julho de 2007

bilhete à outra de mim.


eu não sei quem sou. bato no relógio e reclamo com a vida. sai daqui e se joga no chão, por favor. diz que não acaba hoje. que eu fiquei tempo demais debaixo do chuveiro. não é fácil, tu sabes que não é fácil. acho que tem de ser assim mesmo, senão não é de verdade, entende? abro os olhos pro mundo podre que me queima os cílios. sou pedaço descartável, não me use demais. as tuas palavras de silêncio transparente e denso adentram minha carne e formigam. não ouses dizer que não esperavas isso. me poupe da tua frieza forjada. meto-te no meu fogão até que saias completamente menor. como teus cabelos e lambo teus olhos brancos. da próxima vez, avisa-me que vais ficar. vai embora! corre por minhas veias, suja meus pensamentos. eu odeio você, sabia? eu não te conheço. eu só queria que você sumisse. tayná, te fode, porra. não come mais as minhas entranhas, tu, que não sei o nome. os remédios não são o bastante contra você, não é? ah, energúmena, eu ainda te mato.


eu ainda te mato.




eu ainda te mato.

2 comentários:

Patrícia Lino disse...

São os dedos a empurrarem-me o colarinho, para que o pescoço respire. É o perfume que me recorda as velhas histórias de um crime, o crime que não me recorda perfume algum.

É o desespero que me escorre por entre as mãos, contrariando a respiração que se quebra nas linhas da camisa - és tu, que não és tu, na minha mais visível versão do eu, que não sou eu, quando tu és apenas tu.

Ah, tenho a angústia a balançar-me por entre os pés e a queda traçada a negro, na quina dos lábios selados, pelo desejo de não cair.

Mas se em outra te presumes, terei de escrever uma outra versão, que me não comprometa o colarinho de uma outra camisa - os meus dedos nunca tiveram tanta força. Eu, na minha única e pobre versão, nunca fui forte.


Eu ainda me acabo.

Eu ainda me acabo.

poeta quebrado disse...

eu dava dois doces
e tres mundos
que eu nao tenho

pra saber do que te machuca,amor.
"te beijo."